amor, poesia, sobre a vida

Where I meet my past

 

Listening to Yiddish is being at home,

In a place without a place,

In a time where there is no time

It tastes like verinikes and smells like vodka.

 

It is the best language to curse someone

And  to tell adorable secrets

And to laugh of sarcastic jokes

And to fall in love through sweet whispered words

 

Listening to Yddish is like drink from a chalice

Within which the old Jew people mixed

A deep sorrow of homesick

And an extreme joyfulness of finding a familiar face

 

poesia

Quando Hades passeia no jardim de Persefone

Na valsa da vida eu te vi passar

Dois naufragos, um musico e uma bailarina

Se afogando no mar de gentes

Meu par, tão ímpar

Meu inverno salino

Dentes cravados em minha nuca

Quero teus olhos para me devorar

Quero dançar tua musica por todas tuas estradas até que elas findem

Minhas mãos girando  graciosas e selvagens

Meu quadril indo e vindo ao ritmo de tua carne

Na minha boca teu gosto e teu vinho, meu Hades

Quero derramar meu suor sobre a tua terra

E fazer florescer lírios por entre em teus cabelos

Quero dançar tua musica até não sentir braços e pernas

Para, então, sentir tudo.

 

 

 

 

poesia

Table for two

 

Portuguese/English

Guardo em um caixinha de fosforos uma lagrima

ela caiu quando eu me parti em mil pedaços

sei que esta lá porque vez por outra

escuto uma musica  baixinha, quase um sussuro

vindo de dentro da pequena caixa.

 

Nas noites mais escuras

tenho ganas de abri-la para ascender um fosforo

e incendiar toda escuridão

mas temo que uma vez aberta,

a minha lagrima escorra pela mesa, pelo tapete

e como ondas tempestuosas

inunde o quarto, a casa, continentes inteiros.

 

E quando a tristeza grita como um abismo

junto minhas maos, como um ninho, uma conha

aninho a pequena caixa de fosforos ali

e baixinho canto como quem sussura.

 

I keep a only one eye tears into a little matchbox

It fell down when I was broken into thousand pieces

I know the only one eye tears is there because every now and then

I listen to a low song, almost a whisper,

Coming from inside the little box.

 

In the darkest nights

I have the impulse to open ti to light a match

And ignite all darkness

But I fear that once opened,

My tears run over the table, over the carpet,

And like a stormy waves

Flood the room, the house, whole continents.

 

And when sadness screams like an abyss

I put my hands together like making a nest, a shell

Nesting the little box there

And softly I sing as I were whispering.

 

 

 

 

 

.

 

poesia, Uncategorized

Azular

Gosto de me perder nas teias do tempo fazendo nada

Me embrulhar em nossos lençõis que ainda guardam teu cheiro

E nas manhãs frias, esperar o sol chegar manso, morno

Se esparramando preguiçoso por sobre nossa cama

O absoluto silencio da casa vazia.

O nada, que invade e me transborda em sua paz.

O azulejar do ceu em seu azul Frida Kahlo

Este tempo-espaço azulino, que é só meu

meu refugio maritmo, todos meus tons de azul.

Azular: verbo intransitivo, submergir num azul profundo, fazendo do azul seu lar permanete. Nao existe em nenhum idioma, a não ser no que falo sem usar as palavras.

 

 

 

 

 

poesia

Uma valsa de uma nota só

quero um musica que derrame suas notas sobre minhas feridas

uma musica que me traga tua voz avisando: eu cheguei

uma musica que se faça braços e me embale lentamente numa valsa

uma musica que me faça sorrir como no tempo em que eu acreditava

que me leve para as terras distantes

para dançar  mirando teus olhos

uma musica que seja ninho para o passaro viajante

ontem no porto ouvi ao longe um tango tocando

casais dançavam ao som do tango e das ondas

olhando o mar, desejei estar contigo em nosso mundo

um mundo morno, aquoso, de silencios e de musica

 

 

 

poesia, Uncategorized

Sweet Blue

Um buraco negro surgiu

Uma ferida rasgando o espaço

Devorando  asteroides, planetas, estrelas, sóis,

Galaxia após galaxia,

Tudo desaparecendo no abismo noturno

Até que não restou nem uma particula

Do que um dia se chamou Universo

E, se fez o silencio abslouto,

O nada.

Nem começo, nem fim,

Nem sentido

O nada

O vazio

Tua ausencia.

18199018792_ac1c461035_o.0

 

carpe diem, poesia

Manual para o mal tempo

Instrucciones para capear el mal tiempo *

En primer lugar, no se desespere y en caso de zafarrancho no siga las reglas que el huracán querrá imponerle. Refúgiese en la casa y asegure los postigos una vez que todos los suyos estén a salvo. Comparta el mate y la charla con los compañeros, los besos furtivos y las noches clandestinas, con quien le asegure ternura. No deje que la estupidez se imponga. Defiéndase. A la estética, ética. Esté siempre atento. No les bastará empobrecerlo y lo querrán someter con su propia tristeza. Ríase estentóreamente. Mófese: la derecha está mal cogida. Será imprescindible cenar juntos cada día hasta que la tormenta pase. Son cosas simples, sencillas, pero no por ello, menos eficaces. Diga hacia el costado buen día, por favor y gracias. Y la concha de tu madre cuando lo soliciten desde arriba. Tírele con lo que tenga, pero nunca solo. Ellos saben cómo emboscarlo en la desprevenida soledad de una tarde. Recuerde que los artistas serán siempre nuestros. Y el olvido será feroz con la comparsa de impostores que los acompaña. Todo va a estar bien si me hace caso. Sobreviviremos nuevamente, estamos curtidos. Cuidemos a los pibes que querrán podarlos. Solo es menester bien pertrecharse y no escatimarnos amabilidades. Deberemos dejar a mano los poemas indispensables, el vino tinto y la guitarra. Sonreírles a nuestros viejos como vacuna contra la angustia diaria. Ser piadosos con los amigos. No confundir a los ingenuos con los traidores. Y aún con estos, tener el perdón fácil para cuando vuelvan con las ilusiones forreadas. Aquí nadie sobra. Y eso sí, ser perseverantes y tenaces, escribir religiosamente todos los días, todas las tardes, todas las noches. Aún sostenidos en terquedades si la fe se desmorona. En eso, no habrá tregua para nadie. La poesía les duele a estos hijos de puta.

* Por error propio atribuí el texto a Francisco “Paco” Urondo, pero en realidad es de Alejandro Robino (disculpas a quién corresponda).

 

poesia

Musica, poesia

Donne moi la flute

Each human being is like a living flute. Delightful music is produced when the breath of divine that live inside us flows through this hollow reed. We are the musicians of our Universe. And our melodies could live forever in the memory of our beloved.

“Give me the flute and sing
For singing is a secret of existence
And the wailing of the flute remains
After the vanishing of the world

Have you taken the forest, like me
As a home, instead of palaces
So have you followed the waterfalls
And climbed the rocks

Have you bathed in fragrance
And were you dried by light
Have you drank the dawn as wine
From cups of ether?

Have you sat in the afternoon
Like me, between grab vines
And the clusters hanged
Like chandeliers of gold?

Have you taken the grass as bed
And the space as blanket
Humbled of what’s coming
Forgetting what has passed?
Give me the flute and sing

And forget the illness and the medicine
For people are lines,
Written, but by water!

(Gibran Khalil)

poesia

Bric-à-brac

Minha vida é uma caixinha de musica, cheia de quinquilharias,

Bijouterias baratas, conchinhas minusculas

Botoes de roupas que não mais exitem

Uma coleção de pequenezas

Que ganhei, comprei, encontrei ou roubei aqui e acolá.

Onde sempre está a tocar musicas antigas.

Uma caixa de musica cheia de  gavetas e compartimentos que

Quando abertas revelam perfumes de terras distantes

De alguns mundos por mim criados e que ninguem nunca visitou

E, um bom observador,

É capaz de encontrar o compartimento secreto,

Onde guardo meu coração,

Este objeto singular, que ainda mira

Com grande espanto para o Amor.

…………………………………………………………………………………………………………………………….

 

 My life is a little music box, full of bric-à-brac

Cheap jewelry, tiny little shells,

Buttons which belongs to a clothes that don’t exist anymore

A collection of smallness

Which  I earned, bought, found or stole here and there,

Where  is always playing old songs.

A music box full of small drawers and side compartments that

When it opened reveals  fragrances  from distant lands

And some worlds created by me that no one never even visited.

And, a careful observer,

Is capable to find a secret compartment

Where I keep my heart,

This singular object that still gazes

With a great astonishment to Love.

 

russo

 

poesia

Your heart

Portuguese/English

Eu sei o que se passa ai dentro

Vejo o sangue que escorre

Pelas laminas cravadas em teu coração

Eu vejo daqui tuas feridas

O cheiro de sua tristeza vem no vento

Tudo dói, quando não dói é vazio

Noites seguidas por mais noites

Pés cimentados  numa realidade aspera

Um quarto desarrumado, cheirando a cigarro e unidade

Da janela se vê um horizonte pintado de cinza.

Eu passo as tardes a bordar.

Se um dia quiseres  me chamar

Sei como retirar as laminas que te fazem sangrar

Da minha caixa de bordado, escolherei as mais suaves linhas

Bordarei sobre tuas feridas desenhos de outras realidades

Fecharei uma a uma de tuas feridas com cores impossíveis.

……………………………..

I know what is happening inside of you

I see the blood that flows out

Through blades placed into your heart

I can see from here your  wounds

The smell of your sorrow comes with the winds

Everything hurts, and when is not hurting is empty

Nights follow by more nights

Feet cemented in a roughened reality

A messy room, smelling cigarette and humidity

Through the window nothing but a gray horizon.

I spend my afternoons embroidering

If one day you want to call me

I know to remove the blades that make you bleed

From my embroidery box, I would choose the most tender lines

I would embroider over your wounds pictures from other realities

I would stitch one by one with impossible collours.

 

 

heart